História que está nos gibis
Era inevitável que a bilionária cinessérie dos X-Men resultasse em uma aventura solo de Wolverine. O cinema imita os quadrinhos: desde seu surgimento nas HQs, em 1974, o invocado baixinho – bem, não tão baixinho na interpretação de Hugh Jackman (1m90cm) – é o personagem mais popular do grupo de super-heróis mutantes. A idolatria dos leitores foi recompensada em 1988, quando o velho canadense ganhou um gibi para chamar de seu. E Jackman, que soube encarnar as principais características de Logan – a fúria primitiva, o senso de humor de um bêbado rabugento, a sedução selvagem –, também fez por merecer um filme para chamar de seu.
Era inevitável que X-Men Origens: Wolverine fosse capaz de gerar, na mesma medida, as maiores expectativas e as maiores desconfianças entre os fãs. O cinema imita os quadrinhos: um charme desde as primeiras aparições do anti-herói – naquele ridículo, mas lendário colante amarelo – é seu passado misterioso. Revelados a conta-gotas, detalhes sobre, por exemplo, como Wolverine adquiriu as garras retráteis de adamantium tinham sabor de manjar dos deuses. Mas, de uns tempos para cá, esses enigmas foram tão revirados que viraram uma simples artimanha para vender mais revistas.
Era inevitável, porém, que o filme bebesse do que se fez de melhor nos gibis de Wolverine – afinal, muitos estão entre o que se fez de melhor no gênero. O cinema imita os quadrinhos: o início é tirado da bela minissérie Origem, ambientada no Canadá do século 19. A sequência no laboratório do projeto Arma X espelha a HQ homônima, com ecos de Frankenstein.
Era inevitável, também, que o arquiinimigo do personagem desse as caras, ou melhor, as garras. O cinema imita os quadrinhos: Wolverine e Dentes-de-Sabre travam um duelo que já dura duas décadas, tão fisicamente violento quanto intenso no nível psicológico (já se especulou que Victor Creed, o vilão, fosse o pai de Logan!). Aqui, há de se louvar a atuação afiada de Liev Schreiber, que escapa da caricatura, e ao próprio roteiro do filme, que explora muito bem a dualidade entre mocinho e bandido forjados na mesma cepa.
Era inevitável, infelizmente, que o longa não se resumisse a esse conflito. O cinema imita os quadrinhos: o jeito mais fácil de atrair o público é armar um quebra-pau reunindo o maior número de mutantes coadjuvantes – mesmo que isso signifique escalar personagens que não têm nada a ver com a história pregressa de Wolverine (caso de Gambit) ou que não tenham carisma (como John Wraith, cópia sem-vergonha de Noturno, dos próprios X-Men). Na ânsia de criar espaço para cenas de ação e efeitos especiais, atropela-se a coerência interna – por exemplo: se Gambit sabe que Dentes-de-Sabre é do mal, por que impede Wolverine em uma briga com o sujeito? E, tal como nas HQs, as sucessivas reviravoltas terminam por desnudar a superficialidade da trama.
Era inevitável, literalmente por fim, que Wolverine deixasse um gancho para uma nova aventura. O cinema imita os quadrinhos: a última cena, depois de todos os créditos, remete à antológica minissérie Eu, Wolverine, em que Logan se envolve com a japonesa Mariko, códigos de honra e ninjas assassinos. Snikt!
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ResponderExcluirBem Ticiano como leitora concordo com varias coisa menos o Dente de Sabre, é bem melhor nos quadrinhos mas tdo bem!!!
ResponderExcluir( Sorry Colin tinha que me expressa, já estou melhor )