domingo, 3 de maio de 2009

Opinião Equivocated - Cia São Jorge de Variedades e Sérgio Britto

Bem, começou o 4º Festival Palco Giratório do SESC-RS, que vai contar com ótimas encenações em sua programação (incluindo aí, três espetáculos do Sarcáustico: "A Vida Sexual dos Macacos", "IntenCIDADE 1ª: VOAR" e "Há Vagas para Moças de Fino Trato").
E já que qualquer um pode virar crítico de teatro do dia prá noite, também eu vou me meter a escrever sobre as peças que vou assistindo nesse Palco Giratório...
Hoje, escreverei minha opinião sucinta sobre as duas primeiras a que assisti:

1) "O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado", direção de Rogério Tarifa
Espetáculo de rua da Cia São Jorge de Variedades, que utiliza o clássico "Dom Quixote de la Mancha" para criticar sobretudo a contemporaneidade da vida em São Paulo, cidade-lar do grupo. E é nesse ponto que o espetáculo mais ganha, no meu ponto de vista: ao fazer essa ponte do clássico com o contemporâneo, da Dulcinéia com a cidade de São Paulo, a Cia. conquista nossa empatia e consegue nos fazer abraçar as suas idéias.
Foi realmente lindo ver a forma como o São Jorge é introjetado no espetáculo, expondo abertamente a personalidade de um grupo jovem, mas não menos qualificado para encantar nossos olhos e nossos corações.


2) "A Última Gravação de Krapp", direção de Isabel Cavalcanti
Sérgio Britto é uma grande potência e um grande nome da história do teatro nacional e só por isso já valia a pena ter ido ao teatro para vê-lo. A primeira parte do espetáculo é o "A Última Gravação de Krapp" propriamente dito. Depois de um longo blackout se inicia o "Ato Sem Palavras I", que é muito mais delicioso de se assistir, com um humor tipicamente beckettiano e no qual Sérgio Britto está ótimo. Mas apesar de sua interpretação potente, a peça não consegue ir muito além da idéia que se tem para espetáculos beckettianos. Sempre que vejo peças baseadas na obra de Beckett me pergunto se alguém conseguiria fazer algo diferente da obra do dramaturgo; ou se ela seria um aprisionamento para a concepção do espetáculo.

Por isso, assistindo a esta montagem da Isabel Cavalcanti, lembrei-me das montagens do Linneu Diaz, do Peter Brook, do Biño Sawitsvy (é assim que se escreve?) e fiquei cansado. Cansado de não ver nada de novo quando falamos em Beckett - além da linda imagem do corpo seminu de Sérgio Britto; corpo este marcado pelos anos de vida e de teatro.
Não vi a montagem do Zé Adão para o "Fim de Partida" e gostaria muito de ter visto a montagem prá mesma peça feita pelo Ói Nóis há vários anos, por isso não posso falar deles. Falo dos que vi, os quais foram repetitivos e previsíveis, excetuando talvez o "All That Fall" do Biño, que me fez suspirar pelo lirismo cênico.

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